O CeMAIS em 2018, em parceria com o Itaú, realizou estudo em Belo Horizonte para construir um plano para fortalecer a política do idoso no município. Como fruto desse trabalho, em 2020, foi iniciado o projeto Caleidoscópio 60+ Nossos Direitos, que busca potencializar a política municipal da pessoa idosa de Belo Horizonte, promovendo a articulação dos agentes da rede de direitos da população 60+, o apoio ao trabalho do Conselho Municipal da Pessoa Idosa de Belo Horizonte (CMI-BH) e o empoderamento dessa parcela da sociedade sobre seus direitos e como agir quando estes lhe são negados.
Uma das ações do projeto, iniciada em novembro, é o GT Envelhecimento da População, que tem como foco a formação dos conselheiros do CMI-BH. Os dois primeiros encontros de alinhamento de conceitos foram realizados nos dias 25 e 26 de novembro, com o apoio da Frente Nacional de Fortalecimento dos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa (FFC). Confira aqui o registro dos primeiros encontros.
Para esse terceiro encontro, acompanhado por aproximadamente 25 pessoas, o CeMAIS convidou o especialista em envelhecimento Eduardo Ferreira, nosso parceiro desde 2017, que participou do trabalho realizado em 2018 com o apoio do Itaú. Ele resgatou a apresentação que usou no início do trabalho em Belo Horizonte para contar essa história, que começa ainda no início dos anos 2000, quando o Itaú inicia o programa Viver Mais em algumas cidades do Brasil. Neste princípio, as atividades eram voltadas à ocupação do tempo das pessoas acima dos 60+. Em seguida, percebem a necessidade de atuar com políticas públicas voltadas a essa população.
Eduardo comentou que até a palavra aposentado, em várias línguas, demonstra que o esperado para essa faixa etária da população até pouco tempo era que, uma vez fora do mercado de trabalho, se restringisse a seus aposentos, ou mesmo se retirasse da sociedade (retired, aposentado em inglês) ou que fosse jubilado do convívio social (jubilado, em espanhol).
Ele mostrou que as pessoas estão vivendo mais e também de forma diferente, seguindo ativas na sociedade mesmo após a aposentadoria. Hoje em dia, quem está na faixa etária 60+ não quer ser retirado ou jubilado do convívio social ou mesmo ficar restrito a seus aposentos. Assim, é preciso que sejam construídas políticas públicas para incluir essa parcela da população na sociedade. Segundo Eduardo, em breve, teremos mais ILPIs que creches e as fábricas irão produzir mais fraldas geriátricas que infantis, ou seja, o impacto de transformação do envelhecimento da população será sentido em todas as áreas.
O Itaú Viver Mais buscou implantar o projeto de estudo do envelhecimento da população em diferentes cidades brasileiras, entre elas Belo Horizonte, onde o trabalho aconteceu com o apoio do CeMAIS. Eduardo destacou que o fato de BH ter sido bem sucedido na articulação e engajamento dos atores do Sistema de Garantia de Direitos da Pessoa Idosa contribui para o resultado positivo do estudo.
O consultor comentou que no final, o resultado foi apresentado para empresas com potencial de doação para o Fundo Municipal do Idoso de Belo Horizonte. Assim, contribuiu para incrementar as doações, pois traz credibilidade para a política pública executada na capital mineira, mostrando que ela é acompanhada por uma rede articulada de atores interessados em fazer de BH uma cidade melhor para a pessoa idosa e, assim, beneficiar toda a sociedade.
Antes de abrir para a participação dos conselheiros, Eduardo apresentou a plataforma Longeviver em que ele atua e que traz uma série de informações importantes para conselheiros de direitos da pessoa idosa. Além de organizar indicadores sociais de todas as cidades do Brasil, está também com o Mapa Covid, em que é possível acessar dados da doença em todo o país e ainda fazer comparação entre cidades e estados.
Ele comentou que estão preparando uma ferramenta totalmente gratuita dentro da plataforma para apoio à atuação dos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa de forma virtual. Eduardo acredita que o uso da tecnologia acelerado pela pandemia é algo que veio para ficar e mesmo que haja o retorno das plenárias presenciais, a virtual também deve ser mantida.
No diálogo com os presentes, Eduardo deu ainda uma dica importante: humanize os atores, enxergue a pessoa que está ali representando a Prefeitura, o Ministério Público, a organização social. Assim, enxergando pessoas no lugar de órgãos ou marcas, somos capazes de efetivamente criar vínculos e uma rede. Ele ainda deixou um pedido: nessa maratona que é a corrida para a garantia de direitos da população idosa, ele vai até onde conseguir e dali em diante, que cada uma das pessoas presentes siga com o compromisso de compartilhar os aprendizados, erros e acertos, de seguir construindo essa trajetória.
Karla Giacomin, médica geriatra e servidora da Coordenação de Atenção à Saúde do Idoso da PBH, também acompanhou o trabalho desde o princípio e comentou que para uma cidade ser amiga do idoso, ela tem que ser amiga de todas as idades.
Marcela Giovanna, diretora-presidente do CeMAIS, encerrou o encontro agradecendo a presença de cada um e cada uma e reforçando a importância de nos mantermos ativos e, se não podemos nos encontrar presencialmente, que o momento seja usado para a nossa formação e que saibamos abrir o coração para o novo. Ela ainda pediu para todos se cuidarem, pois a pandemia não acabou e precisamos de todos bem para seguirmos firmes e fortes nesse trabalho.