Entrevista com Antônio Carlos Aguiar sobre a pessoa idosa no Terceiro Setor

Antônio Carlos é Diretor da Associação EDUCORE, Diretor Administrativo e Financeiro da FUNDAMIG e Conselheiro da Fundação Pitágoras, da Fundação Logosófica e da Conspiração Mineira pela Educação, além de representante da FUNDAMIG no Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPE-MG). 

Confira a entrevista que nós fizemos com ele sobre a participação da pessoa idosa no Terceiro Setor:

 

1) Como você conheceu o Terceiro Setor? Há quanto tempo você trabalha/atua em organizações sociais?

Eu sou voluntário da FUNDAMIG como Diretor Administrativo e Financeiro. Me aproximei da FUNDAMIG há 16 anos atrás. Eu sou da Fundação Logosófica há 25 anos, que é uma das fundadoras da FUNDAMIG. O primeiro presidente da FUNDAMIG fazia parte do Hospital Socor e da Logosófica, e ele me convidou para compor a diretoria da FUNDAMIG junto ao Doutor Cássio Rezende. Eu gosto do voluntariado e estou por conta disto, pois já cumpri a minha etapa profissional e meus filhos já estão com a vida organizada.

 

2) Na sua história de vida, em que momentos as organizações sociais estiveram presentes? Quais os fatos marcantes da sua história que estão ligados à sua atuação no Terceiro Setor?

É uma tendência pessoal minha de ser útil. Sou filho mais velho de 9 irmãos. Eu acho que esse voluntariado eu exerci desde que meus irmãos começaram a nascer e eu me tornei colaborador dos meus pais. Enquanto aluno do ginásio, o professor de Educação Física chamava sempre um voluntário, eu estava sempre lá na frente. Sempre fui muito voltado a servir, ser útil. Desenvolvi uma longa etapa profissionalmente como empresário que também é uma forma de servir, porque você pode exercer função social mesmo no segundo setor.

Tem 37 anos que faço palestras e cursos gratuitos na Fundação, falo sobre futuro e experiência de vida com a juventude. Sou docente há 37 anos da Fundação Logosófica, foi aí que comecei a ter um contato mais amplo com o Terceiro Setor e depois me tornei conselheiro de várias organizações, estou sempre disposto a colaborar. É uma gratificação interna de contribuir com a sociedade.

 

3) Na sua opinião, qual o papel e o poder da sociedade civil organizada?4) Quais os progressos na garantia de direitos e na profissionalização do Terceiro Setor que você pôde observar durante a sua atuação?

Cada vez mais, os problemas do mundo vão se tornando mais complexos. Havia um tempo em que a sociedade reservava isso para alguém pensar e resolver, seja o Governo, o patrão. Hoje, despertou-se a consciência de que cada um tem uma parte na solução dos problemas. Esse despertar a consciência cidadã que devemos colaborar com o todo, com a sociedade. Cada vez mais as organizações sociais pensam, trabalham juntas, cooperam.

 

4) Quais os progressos na garantia de direitos e na profissionalização do Terceiro Setor que você pôde observar durante a sua atuação?

Em relação ao Terceiro Setor, o maior progresso para mim foi a participação e a capacitação. Capacitação das ILPIs, gestão de creches, capacitação de liderança para diretores de escolas e das pequenas organizações. Essa é uma grande evolução. No Terceiro Setor, são 80 mil instituições em Minas Gerais, nos mais diversos setores. Então, é preciso capacitar, desenvolver marketing, fazer prestação de contas, transparência e comunicação. A FUNDAMIG tem esse viés.

 

5) As pessoas idosas estão presentes no dia a dia das organizações sociais como público atendido e também como trabalhadores e voluntários. Qual a importância do terceiro setor para a ocupação e realização profissional da pessoa idosa?

Na FUNDAMIG, nós criamos o Conselho do Envelhecimento Ativo. Atualmente, as pessoas vivem mais. A questão da terceira idade no Brasil mudou. O Brasil era visto como um país de jovens, mas essa pirâmide da faixa etária está se modificando. Daqui a 20 anos seremos um país de idosos. Eu tenho 74 anos e estou em plena atividade física e mental. Então, eu vejo neste seguimento que se aposenta jovem um pleno potencial produtivo. Nesse sentido, o terceiro setor é extraordinário para que o idoso possa ocupar o seu tempo, ser útil, oferecer às novas gerações um produto da sua experiência. É um campo de passar experiência e se sentir parte, se sentir útil na sociedade. A inércia é o maior inimigo da pessoa.

Uma imensa parte da sociedade brasileira é carente de educação. A cultura do voluntariado é necessária. Então essa é uma oportunidade para os idosos. Podemos ser empreendedores sociais.

 

6) Se fosse para escolher uma ou duas palavras para representar o seu percurso na área social, quais seriam?

Consciência, sensibilidade e colaboração.