Entrevista com Virgílio Castro sobre o Terceiro Setor

Virgílio possui um escritório de advocacia e é Presidente da Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Recanto da Saudade, criada na década de 1940, em Belo Horizonte. A ILPI é uma das parceiras do CeMAIS.

Confira a entrevista que nós fizemos com ele sobre a participação da pessoa idosa no Terceiro Setor:

 

1) Como você conheceu o Terceiro Setor? Há quanto tempo você trabalha/atua em organizações sociais?

Meu pai foi um dos coordenadores da Sociedade Amparo à Pobreza, que hoje é a ILPI Recanto da Saudade. Minha mãe foi quem ajudou a transferir essa Sociedade para um asilo, que antigamente as ILPIs eram chamadas de asilo. E eu estive presente em tudo isso, então frequento há 30 anos o Terceiro Setor. Posteriormente, eu passei a ser membro da diretoria do Lar Recanto da Saudade.

 

2) Na sua história de vida, em que momentos as organizações sociais estiveram presentes? Quais os fatos marcantes da sua história que estão ligados à sua atuação no Terceiro Setor?

Antes de termos uma parceria com a Prefeitura, nós lutávamos pelos direitos do idoso sem a ajuda de ninguém. No momento em que fizemos a parceria tivemos contato com o setor da terceira idade de fato. Nós tivemos uma luta muita grande relacionada ao terreno em que estávamos. Foram diversas pessoas para fazer permuta para o terreno que estamos hoje. Nós éramos quatro diretores, mas apenas eu permaneci no Terceiro Setor. Felizmente mudamos para outro terreno, que hoje para o idoso é mil vezes melhor, pois na construção anterior eles teriam que ficar em um prédio com diversos andares.

 

3) Na sua opinião, qual o papel e o poder da sociedade civil organizada?

Se não fosse pela sociedade civil organizada, nós não teríamos tido condições de continuar. A sociedade civil pra mim uma coisa gloriosa que existe para auxiliar a quem precisa. É tudo que precisamos no nosso país.

 

4) Quais os progressos na garantia de direitos e na profissionalização do Terceiro Setor que você pôde observar durante a sua atuação?

Tenho muita divergência com as legislações, principalmente no período da pandemia. O teste rápido é incorreto e existe uma incapacidade legislativa desse setor, pois só conseguimos resolver diversas coisas com a presença do idoso. E com o COVID-19, é um risco isso ser presencial. Existem muitas complicações nas garantias de direito do idoso e das ILPIs.

 

5) As pessoas idosas estão presentes no dia a dia das organizações sociais como público atendido e também como trabalhadores e voluntários. Qual a importância do terceiro setor para a ocupação e realização profissional da pessoa idosa?

Na minha casa, somos quatro irmãos acima dos 70 anos, e todos nós trabalhamos. Eu faço três trabalhos por dia. Tenho um escritório de advocacia e a ILPI. Enquanto o idoso estiver trabalhando, o Alzheimer não vai chegar. Fico triste que as restrições para os idosos que estão em ILPIs são muitas.

 

6) Se fosse para escolher uma ou duas palavras para representar o seu percurso na área social, quais seriam?

Tranquilidade, capacidade e amor ao próximo.